Há dois tipos principais de ativos digitais baseados em blockchain: as criptomoedas e os tokens de criptografia. Embora os termos sejam frequentemente utilizados como se fossem algo similar, há uma diferença importante entre eles.
As criptomoedas são o ativo digital nativo das redes blockchain e parte essencial do seu funcionamento. Já os tokens de criptografia são ativos digitais secundários, construídos sobre as redes blockchain existentes - mas que não são parte central do funcionamento das mesmas.
As criptomoedas pertencem às suas próprias redes nativas, o que não é o caso dos tokens de criptografia. Cada blockchain tem apenas uma criptomoeda, mas pode ter centenas ou milhares de tokens de criptografia.
O termo mais genérico, “cripto”, é frequentemente empregado para fazer referência a toda a classe de ativos.
O que são criptomoedas?
As criptomoedas são descritas como os ativos digitais “nativos” de uma rede blockchain porque alimentam a própria rede. A atividade de rede de cada blockchain é denominada em uma, e somente uma, criptomoeda nativa. Por exemplo, a criptomoeda nativa da rede Bitcoin é o bitcoin (BTC), Ethereum é ether (ETH) e Solana é solana (SOL).
Conceitualmente, isso se assemelha a como cada país têm uma moeda nacional. Nos EUA, por exemplo, o valor é denominado dólar americano (e os dólares são o principal meio de troca).
Por que os blockchains precisam de criptomoedas?
Blockchains dependem de criptomoedas para incentivar pessoas, grupos e, às vezes, até mesmo organizações a manterem a rede. Para entender por que o incentivo financeiro é necessário, é bom saber, de forma bem genérica, como as blockchains funcionam.
Uma rede blockchain é um tipo de banco de dados distribuído, que está hospedado (ou “vive”) em computadores em todo o mundo. Esses computadores, que podem até estar na casa de alguém, são chamados de “nós” (nodes) da blockchain. Essa distribuição de dados (a principal cartacterística da nova versão da Internet chamada “Web3”) significa que o custo de manutenção desses “nós” também é distribuído.
Por outro lado, na versão atual da Internet, a Web 2.0, bancos de dados, sites e aplicativos geralmente ficam em servidores centralizados. A empresa que executa o banco de dados, site ou serviço também paga pelos servidores.
A execução deses nós/servidores custa dinheiro, tanto na forma de hardware quanto de eletricidade. Portanto, as redes blockchain precisam de um sistema de recompensa financeira para incentivar as pessoas a operar tais nós. Para compensar os operadores por seus custos e pelo trabalho de processamento, validação e adição de novas transações, cada blockchain tem uma criptomoeda correspondente. Esta criptomoeda (por exemplo, SOL ou BTC) é nativa de somente uma blockchain.
*Nota: há uma exceção não muito comum e um tanto confusa à regra de uma criptomoeda/uma cadeia. Algumas blockchains “Layer 2” optam por usar a criptomoeda de sua rede base em vez de criar seu próprio token, mas esse é um tópico avançado e melhor discutido em outro artigo. *
Como funcionam as criptomoedas?
As criptomoedas desempenham dois papéis principais nas redes blockchain. São utilizadas para:
- Denominar taxas específicas da plataforma
- Pagar recompensas como parte do mecanismo de consenso
Por que as blockchains têm taxas?
As blockchains mais conhecidas cobram uma taxa (conhecida como taxa de transação ou taxa de “gás”) para interagir com a rede. Essas taxas evitam spam e proporcionam uma maneira de compensar quem mantém a rede em funcionamento.
Se você enviar uma transação na rede Ethereum, por exemplo, pagará uma taxa em ETH. Essas taxas são então distribuídas entre operadores de nós como parte do mecanismo de consenso de uma blockchain.
O que é um mecanismo de consenso?
Os mecanismos de consenso são acordados em conjuntos de regras que determinam como as blockchains operam, incluindo as estruturas de taxas, como as transações são processadas e acordadas e como os operadores da rede são compensadas. Cada blockchain pode criar e usar seu próprio mecanismo de consenso exclusivo, mas a maioria é cuidadosamente projetada para:
- Tornar financeiramente benéfico para os operadores de nós atuarem honestamente e manterem a rede segura
- Tornar economicamente inviável para maus participantes comprometerem a rede
Como parte do mecanismo de consenso, as taxas de transação são pagas aos operadores de nós que processam, validam e adicionam novas transações ao blockchain. Os operadores de nós ganham suas recompensas na moeda nativa do blockchain (por exemplo, os operadores de nó Ethereum ganham ETH). Mas, independentemente de qual mecanismo de consenso um blockchain utiliza, é crucial que as taxas de transação e as recompensas sejam feitas na moeda escolhida pela rede.
O que são tokens?
Os tokens de criptografia são unidades de valor construídas sobre uma rede blockchain existente, não estão relacionados ao seu mecanismo de consenso ou segurança de rede. Pense neles como ativos subsidiários que dependem de um host de blockchain para funcionar.
Padrões de tokenização: como são construídos os tokens de criptografia
Geralmente, os tokens de criptografia são construídos de acordo com regras específicas, chamadas de “padrões de tokenização”, que servem como um modelo para o design, o comportamento e a operação de tokens em uma rede específica. Esses padrões tornam mais fácil o armazenamento, o uso e a troca dos tokens de criptografia de uma blockchain, da mesma forma que a criptomoeda nativa da cadeia.
O tipo mais comum de tokens de criptografia são tokens ERC-20 no blockchain Ethereum, mas outras plataformas têm seus próprios padrões de tokenização (como BEP-20 na Binance Smart Chain e SPL na Solana). O padrão ERC-20, por exemplo, possibilita que os tokens sejam facilmente integrados em uma carteira Ethereum e utilizados em todos os seus DApps.
Como funcionam os tokens de criptografia?
Enquanto as criptomoedas são oferecidas e emitidas com base no mecanismo de consenso de cada rede, os tokens de criptografia são criados com contratos inteligentes: programas especializados e autoexecutáveis executados em blockchains. Os contratos inteligentes especificam detalhes como o fornecimento total, a emissão, os recursos e as funções de um token.
Os tokens de criptografia não foram feitos para serem moedas autônomas, mas sim para representar determinado valor, utilidade ou função dentro de uma rede ou plataforma blockchain específica. Por exemplo, o Basic Attention Token (BAT) é um token ERC-20 construído no Ethereum, mas usado para uma utilidade específica, relacionada ao Brave e às Recompensas Brave.
Casos de uso dos tokens de criptografia
Os tokens de criptografia podem ser usados para representar uma ampla variedade de coisas, incluindo:
- Acesso a determinados recursos ou serviços em plataformas específicas
- Commodities (como imóveis e ouro)
- Instrumentos financeiros (como contratos de derivativos)
- Moedas fiduciárias (como stablecoins)
- Ativos digitais (como tokens não fungíveis, ou NFTs)
- Propriedade em uma empresa
- Direitos de voto em plataformas com governança descentralizada
Por que os projetos Web3 geralmente emitem tokens em vez de criptomoedas?
A construção de uma blockchain é uma tarefa complexa, cara e demorada; novos projetos Web3 podem evitar tudo isso usando blockchains existentes, o que é comparativamente fácil e barato. É mais ou menos como uma startup pode tirar um negócio do papel de forma mais barata com um serviço de infraestrutura (como a AWS) em vez de manter seus próprios servidores.
Os tokens ajudam os desenvolvedores da Web3 a envolver as pessoas com seus projetos e/ou criar utilidade em seus DApps. Eis uma diferença entre tokens e criptomoedas: eles têm uma gama mais ampla de aplicações. Os projetos também podem se beneficiar da segurança e da estabilidade de uma blockchain existente: o potencial de uma rede respeitável, que milhares de pessoas já utilizam.
Compreensivelmente, muitos desenvolvedores querem se concentrar na construção de seus jogos Web3, protocolos DeFi ou outros DApps sem se preocuparem com a construção da blockchain em que ficarão. Por todas essas razões, os desenvolvedores geralmente emitem tokens em vez de criptomoedas completas.
Diferença entre tokens e criptomoedas
As diferenças entre tokens e criptomoedas são fundamentalmente as seguintes.
O propósito das criptomoedas
Todas as criptomoedas têm o mesmo propósito: facilitar a atividade de rede e a segurança nas blockchains. Isso mantém a cadeia economicamente viável e incentiva os “nós” a manterem a rede. Os tokens não estão envolvidos nesses processos.
O propósito dos tokens
Ao contrário das criptomoedas, os tokens são frequentemente usados para mais do que apenas manter e trocar valor. Com uma ampla gama de casos de uso, podem representar direitos de voto descentralizados, colecionáveis digitais na forma de NFTs ou até mesmo versões de ativos do mundo real baseadas em blockchain, como o dólar americano. Os tokens de criptografia, assim, superam as criptomoedas em flexibilidade de uso e relativa facilidade de desenvolvimento.
Semelhanças entre criptomoedas e tokens
Apesar de suas principais diferenças, as criptomoedas e os tokens de criptografia também têm algumas semelhanças.
- Ambos são construídos inteiramente em blockchains
- Usam criptografia e tecnologia blockchain para segurança e transparência
- Podem ser usados como meio de troca
- Mantêm valor que pode flutuar com a oferta e a demanda
- Pode ser transferido entre usuários
- Podem ser disponibilizados para negociação em câmbios de criptomoedas
- São descentralizados (e, portanto, mais resistentes ao controle de uma única pessoa ou instituição)
E, por último, tanto as criptomoedas quanto os tokens de criptografia (mesmo aqueles pertencentes a redes blockchain diferentes) muitas vezes podem ser armazenados na mesma carteira de criptomoedas. Confira a Carteira Brave se estiver procurando um armazenamento seguro para todos os seus ativos de criptografia (inclusive criptomoedas, tokens e NFTs), incorporado diretamente no seu navegador.